O mercado de apostas online vem crescendo ano após ano no Brasil. Com cada vez mais empresas operando, também cresce o número de apostadores. Segundo levantamento divulgado pelo Banco Central (BC), no mês de setembro, os brasileiros gastaram cerca de R$20 bilhões em apostas online por mês, nos oito primeiros meses do ano. Até o final de 2024, esse valor tende a subir, batendo recorde para o setor.
Todos os valores depositados nas casas de apostas online, segundo o Banco Central, cerca de 15% ficam retidos com as plataformas. Ainda segundo o BC, a outra parte do dinheiro é destinada ao pagamento de apostas vencedoras.
A pesquisa do BC destaca que os jogos azar e apostas online atraíram, aproximadamente, 25 milhões de usuários entre janeiro e agosto. Durante o período analisado, os clientes realizaram ao menos uma transferência via PIX.
A velocidade do crescimento da bets no Brasil pode ser medido pelos dados de outra pesquisa publicada no país, no final do mês de agosto. Segundo levantamento feito pelo Instituto Locomotiva, em cinco anos o número de apostadores brasileiros chegou a 52 milhões, sendo 25 milhões apenas em 2024.
Papel da publicidade no avanço das bets no Brasil
Esse é um mercado cada vez mais lucrativo para as empresas e convidativo para os clientes. Para atrair mais usuários, as plataformas investem pesado em publicidade. Esporte mais popular no Brasil, o futebol virou o espaço perfeito para a exposição das marcas das bets.
Um exemplo desta expansão midiática é a Série A do Campeonato Brasileiro. Das 20 equipes que participam da disputa, apenas três não têm operadoras de apostas online como patrocinadores máster.
Atletas que fizeram e fazem história no futebol brasileiro também foram contratados e viraram embaixadores das marcas. Um investimento maciço em publicidade, que acaba resultando em milhões de novos jogadores e cadastros nas empresas, que passam a faturar bilhões de reais.
De acordo com um estudo divulgado no mês de agosto, pelo Itaú Unibanco S.A., as empresas de apostas online tiveram receita líquida este ano de R$23 bilhões. Deste valor, R$9 bilhões foram investidos em publicidade.
Perfil dos apostadores
Os estudos divulgados no Brasil sobre as empresas de apostas online traçam o perfil dos clientes das operadoras. Os homens são maioria, chegando a 53% do público. As mulheres somam 47%.
40% dos apostadores no Brasil têm entre 18 (idade mínima para poder realizar cadastro em casas de apostas) e 29 anos. Outros 41%, estão na faixa etária entre 30 e 49 anos. Pessoas com 50 anos ou mais, fecham o quadro, sendo 11% do público.
Dentro destes números, tem outro dado interessante. A pesquisa do BC aponta que o valor médio das transferências mensais aumentam de acordo com a idade. Os apostadores mais jovens gastam cerca de R$100, enquanto os mais velhos apostam mais de R$3 mil reais por mês.
A maioria dos apostadores brasileiros são das classes C, D e E, o que corresponde a 80%. Esse perfil explica a opção de muitas empresas em permitir depósitos com valores baixos, como R$5 ou menos. Os outros 20% dos apostadores são das classes A ou B, com maior poder aquisitivo.
A frequência das apostas também é essencial para o recorde de receita das operadoras no Brasil. Sete em cada dez pessoas costumam apostar ao menos uma vez por mês.
Regulamentação das Bets no Brasil
As empresas de apostas online podem funcionar no Brasil desde 2018. Com o número cada vez mais crescente de operadoras e atraindo cada vez mais clientes, o Governo Federal decidiu regularizar o setor.
Até então, a maioria das bets que funcionam no Brasil eram hospedadas em sites de outros países, com licenças e seguindo a regulamentação do seu país de origem.
No final de 2023, o Congresso Nacional aprovou e o governo sancionou uma lei que regulamenta o setor de bets no Brasil. Desde então, as empresas que pretendem seguir atuando no país tiveram que se adequar às regras brasileiras.
Além do pagamento de impostos, a regulamentação vai exigir, a partir de janeiro de 2025, que os sites das empresas de apostas online sejam hospedados no Brasil.
Até o dia 18 de outubro, a lista divulgada pelo Ministério da Fazenda com empresas que buscavam a licença para atuar no Brasil chegou a 223. O governo prevê arrecadar mais de R$3 bilhões com a regularização, somente em 2024.
Crescimento das Apostas feitas com PIX
Criado em 2020, o PIX virou a plataforma de transferência de grande sucesso no Brasil. Quando o assunto é apostas online, a ferramenta também se destaca. Com a regulamentação das casas de apostas, a tendência é que apenas o PIX e as transferências bancárias, conhecidas como TED, sejam aceitas.
Por funcionar de forma instantânea e não cobrar taxas, o PIX vai ganhando espaço. No início do mês de outubro, representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) se reuniram com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e defenderam a suspensão temporária do PIX como forma de pagamento em apostas online.
No mês de setembro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou sobre o crescimento de 200% no valor médio das transferências via PIX feitas por apostadores para casas de apostas online.
“A gente consegue mapear o que teve de Pix para essas plataformas, e o crescimento de janeiro para cá foi bastante grande”, ressaltou Campos Neto.
O Banco Central ainda estima que o volume de transferências via PIX realizado pelos brasileiros para casas de apostas, este ano, variou entre R$18 e R$21 bilhões por mês.
Projeções para os próximos anos
A tendência é que o mercado de apostas online no Brasil continue gerando bons lucros para as empresas, mesmo com a regulamentação que está sendo implantada pelo governo brasileiro, o que vai acarretar no pagamento de impostos.
Como já vem acontecendo, as empresas vão apostar cada vez mais na diversidade de público, permitindo valores de depósito cada vez menores, atraindo apostadores de vários segmentos da sociedade.
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